RESENHA
: Conto “PRECIOSIDADE”
O
primeiro livro de contos de Clarice Lispector é o Laços de Família
que é formado por um conjunto de treze contos, dentre estes está o
conto que tratamos aqui, Preciosidade.
Dos
treze contos contidos no livro, oito deles relatam a condição
feminina no contexto familiar, incluindo Preciosidade; em quatro
deles o texto privilegia outros membros da família, mantendo o
universo familiar presente.
Apenas
no conto O Jantar é narrado em primeira pessoa, todos os demais são
narrados em terceira pessoa caracterizado pela onisciência do
narrador que desvenda a interioridade dos personagens com a
alternância de cumplicidade e distanciamento em relação aos
mesmos.
Clarice
Lispector (1920 - 1977) nasceu, em Tchechelnik, uma aldeia da
Ucrânia, aos dois meses foi para Maceió - Alagoas, com seus pais e
suas irmãs, posteriormente muda-se para Recife, Pernambuco. Em 1944
publica seu primeiro romance intitulado Perto
do Coração Selvagem e posteriormente publicou o romance
O
Lustre obra lançada
no Brasil. Deu sequência as obras como A
Cidade Sitiada, A Maçã no Escuro, Laços de Família,
A
Legião Estrangeira,
A
Paixão segundo G.H.
Depois vieram os contos infantis de A
Mulher que matou os Peixes,
Uma
Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres,
Felicidade
Clandestina
, Água
Viva
e A
Imitação da Rosa
(contos), A
Vida Íntima de Laura ,
Via
Crucis do Corpo
, Onde
Estivestes de Noite?.
Clarice Lispector recebeu prêmio da Fundação Cultural do Distrito
Federal, em 1978 foram publicados três livros póstumos: Um
Sopro de Vida ,
Para
não Esquecer,
e Quase
de Verdade.
No
conto Preciosidade é narrada a história de uma adolescente de
quinze anos que tem sua rotina diária assegurada pelo seu mundo,
mundo esse que ninguém a vê, ninguém a percebe através de uma
postura incomunicável. Na realidade essa adolescente se guardava na
vida com seus sapatos, que apresentam barulhos feios como ela mesma,
afim de que não a notassem e descobrissem o medo secreto que
escondia com seu jeito impenetrável. Medo esse que tinha de se
tornar uma mulher.
Desta
forma o conto descreve o cotidiano dessa adolescente de acordar muito
cedo para pegar o bonde e ônibus para ir até a escola , local onde
se sente bem por não ter que fazer mais nada a não ser deixar que a
curiosidade desvende o mundo.
Às
vezes durante a aula, desenha estrelas ou riscos que deveriam estar
no circulo imaginário de forma correta.
A
volta para casa parecia ser outro lugar. Faminta, ao chegar em casa
devorava sua refeição e aguardava até que a tarde terminasse para
que a família retornasse da repartição para enfim formar um lar
novamente.
Porem
um dia, a rotina foi alterada já que, por engano, saiu de casa mais
cedo e no meio do caminho se deparou com dois homens e quatro mãos
que a tocaram contra sua vontade e fugiram fazendo barulhos com os
sapatos. Ela recompõe-se, recolhe os livros e cadernos abertos e
chega atrasada na escola, sente-se suja, se lava e volta para casa.
A
noite ao jantar exige sapatos novos, como se a culpa estivesse
presentes no barulho dos sapatos. Deixando sem saber por qual
processo de ser preciosidade.
Observamos
que o sujeito feminino se encontra em crise nos contos contidos em
Laços de Família, e em Preciosidade conseguimos identificar essa
crise de forma bastante clara.
É
marcante o fato dos valores serem buscados no questionamento da
relação com o outro.
O
conto é bastante expressivo e deve ser lidos por todos que se
interessam por compreender o interlace do mundo feminino no contexto
familiar. Porém é um conto que necessita de uma analise criteriosa
para desvendar a mensagem contidas nas entrelinhas do conto.
Texto
resenhado por Antônio Sérgio Figueiredo Junior, discente da
disciplina Português Instrumental, acadêmico do Curso de Ciências
Contábeis da Universidade Estadual da Bahia (UNEB).
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